sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A velha novidade.


O ano havia acabado de começar, e dessa vez ela havia começado meio perdida; mas desejando que o ano que começaria viesse cheio de paz. Os dias foram seguindo seu curso natural, noites e dias praticamente iguais. Ela possuia uma família pequena, uma carreira iniciando e um alguém para dividir sua vida.
Certo dia, numa manhã comum de trabalho no escritório, ela recebeu um telefonema que mudaria sua vida. Na verdade um projeto antigo que começara quando adolescente, uma coisa que ela realmente gostava de fazer, relembrando um período onde não havia problemas em viver como se quisesse viver; ou pelo menos, numa época onde ela não se importava com a opnião alheia, mas apenas em ser feliz. Ela gostava de escrever. Desde criança escrevia sobre tudo; poemas, crônicas, críticas e dissertações. Sentia na escrita um espelho de várias vidas, onde em cada história amadurecia com as epifanias de seus próprios personagens.
Ao finalizar a ligação, ficou sem palavras. Não era nada de tão grandioso, porém foi um sonho de criança que se tornou realidade. Recebeu a proposta de publicar uma grandiosa história em forma de livro, onde seria divulgado por todo o mundo. Era um sonho adormecido. Ela sorriu e então, lembrou de um tempo onde convivia com apenas a pureza; um tempo onde todos os seus personagens sempre realizavam seus sonhos ao fim da história, simplismente por ser uma história dela. Após sua momentânea felicidade, voltou à realidade e começou a refletir. Ela possuia uma carreira na administração, mesmo que de pouco tempo. E ela também teria que passar um bom tempo longe de seu namorado. Após alguns minutos ligou para ele e combinaram de se encontrar em um café próximo, dali à quinze minutos.
Ao chegar, ele já estava lá. Com um olhar diferente, que não se via há muito tempo, ela disse que tinha uma novidade. Ele aguardou intrigado. Ela contou. Ele não mudou de expressão.
Ela não entendeu. Porque ele não havia ficado feliz? Se conheciam há muito tempo, e ele sabia que esta oportunidade era uma coisa que ela sempre quis. Ela esperava apoio, esperava incentivo; esperava nem que fosse apenas um leve sorriso. Mas ele não gostou. Logo perguntou o que aconteceria com eles. Ela viajaria o tempo todo, como as coisas entre eles ficariam. Levantou, jogou o dinheiro do café na mesa e se foi.
Ela se sentiu horrível. Apenas esperava cumplicidade. E ficou sem saber o que fazer. Embora fosse o almejo de sua vida, estavam em jogo sua vida profissional e sua vida pessoal. Ela o amava por eles se darem bem. E assim aceitava conviver com esse 'amor'.
Foi para casa. Chorou. E chorou mais. Ao mesmo tempo que atingiu uma alegria extrema, caiu direto na mais profunda tristeza. E uma indecisão sem fim. Como saber a resposta para uma decisão difícil?
Os dias passaram e a editora precisaria de uma resposta em breve. Ele não ligou desde então. Ela decidiu ir a pé para o trabalho, para espairecer. Foi quando viu, em um outdoor uma mensagem que dizia: "O amor se aceita. O amor respeita. O amor supera. Até quando o tempo não espera. Ele dura quando verdade e mesmo na distância supera a saudade. O amor é gêmeo da felicidade." Era uma propaganda de dia dos namorados. Mas aquelas poucas palavras a fizeram refletir. Aquilo que ela chamava de amor não a aceitava. E se não respeitou sua própria felicidade, não a respeitava. Aquele amor não superaria algumas viagens. Aquele amor não esperaria. Por mais que fosse um simples anúncio ela se perguntou durante algumas horas se aquilo era mesmo amor, e se valeria apena escolher por esse alguém que, ela acabara de perceber... não a amava de verdade.
Chegou ao prédio do escritório, foi de escada até o quarto andar, onde o mesmo se localizava. Sentou, abriu seu e-mail, o respondeu afirmativamente. Foi para casa, arrumou suas malas e no dia seguinte partiu.
Aprendeu a escolher, e por mais que tenha doído e tenha escolhido por um caminho desconhecido, ela foi. Sua escrita sempre foi tudo o que ela é. Ela partiu. A partir daquele dia, conheceu o novo, conheceu a alegria; mas principalmente conheceu o respeito.